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TEMPO DE REFLETIR 174 – 23 de junho de 2014
Sim, eu estava lá naquela tarde, naquele dia espiritualmente sombrio.
Próximo dos soldados, junto com outras pessoas, observando aquela cena.
Só não posso garantir que sentia alegria, nem que sentia pena.
Claro que eu estava espantado com tudo que presenciava;
Aquele indivíduo pregado na cruz, sentindo uma dor que até me incomodava.
Porém eu nada cheguei a manifestar; nem solidariedade, nem pesar.
Mas eu lembro que vi, claramente, a placa sobre sua cabeça, dizendo que era rei;
O ladrão que, crucificado ao Seu lado, pedia ajuda; de tudo isso eu sei.
Vi, também, o desprezo com que alguns iam Lhe tratando;
De sua condição de Filho de Deus com irreverência zombando.
Ouvi sacerdotes e outros homens que se diziam religiosos;
Falando como arrogantes, insensíveis e orgulhosos:
“Salvou os outros e a si mesmo não pode se salvar.”
“Agora desça da cruz para o Seu poder a nós provar”.
Só que eu não esbocei qualquer reação;
Como outros que estavam ali naquela ocasião.
E o pior é que eu sabia que Ele era Deus e era inocente;
Mas não tive coragem de lutar por Ele e enfrentar toda aquela gente.
Eu tudo observei. Mas, por medo, disse que nada vi.
Sou aquele que olhei, mas não agi.
E é também difícil esquecer suas palavras de desespero;
Num momento de angústia, de aflição por causa da humanidade:
“Deus meu, deus meu, por que me desamparaste ?”
Ou então simplesmente fazer de conta que aquilo não era o assassinato do Criador;
O sacrifício de alguém, que pelo que eu sabia, só havia manifestado em Sua vida amor.
Mesmo assim, eu não disse palavra alguma, me omiti;
Sou aquele que olhei, mas não agi.
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-> Autor: Felipe Lemos
-> Música: Convicção Trio, “Abrace a cruz”
-> Narração: Amilton Menezes