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TEMPO DE REFLETIR 918 – 6 de julho de 2016
“Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me” (Marcos 8:34).
Um dos enigmas com que o leitor dos evangelhos se depara é a maneira sistemática com que Jesus evitou a publicidade. Ele realizou milagres extraordinários, mas consistentemente insistiu em permanecer na penumbra. Vez após vez, Ele buscou silenciar o entusiasmo das testemunhas de Seus atos poderosos. Mesmo demônios foram impedidos de falar o que sabiam a Seu respeito (ver, por exemplo, Mc 1:34,44; 3:12; 5:43; 7:36; 8:26).
Não parece curioso? Qual é a razão dessa atitude anti-publicitária? Afinal, quando se quer atrair seguidores, a técnica comum é encorajar a “visibilidade” e atrair os holofotes. Observe, por exemplo, aqueles que declaram realizar milagres hoje. Eles não tentam manter seus alegados milagres em sigilo. Ao contrário, shows de TV são articulados para fazer propaganda. Se, após um desses pregadores eletrônicos orar e alguém, por acaso, se sentir melhor de sua artrite, o milagreiro sorri satisfeito. Chama as câmeras para focalizar a “cura”. Se um pequeno alívio, que poderia ser atribuído a muitas causas, merece toda essa algazarra, imagine o que Jesus não poderia ter feito depois de ressuscitar alguém comprovadamente morto?
Nós esperaríamos que o Enviado de Deus tirasse o maior proveito de Seus poderes. Seria o caso de convocar uma entrevista coletiva com a imprensa. Na pior das hipóteses, deveria encorajar aqueles que Ele curou a divulgar os fatos. Ao contrário, Jesus dá ordens específicas para que nada fosse dito. E quando havia um “vazamento” da informação, e as multidões O buscavam, Ele procurava um lugar solitário para Se isolar. Isso não é estranho? De fato, não conheço ninguém assim. Muitas pessoas, mesmo quando não fizeram nada digno de atenção, buscam receber o “crédito” e desejam que seus supostos “feitos” sejam divulgados.
A explicação para tal atitude “politicamente incorreta” de Jesus é que em Seus dias prevalecia entre os judeus a expectativa de um Messias conquistador, que traria libertação política. Ele não permitiu que tais ideias tomassem o imaginário popular. Ele não seria um Libertador sem a cruz. Ele já havia deixado isso claro no deserto da tentação (Mt 4:8,9). É na cruz que Sua identidade é plenamente revelada. Toda tentativa de evitar a cruz, a dEle ou a nossa, é obra do tentador.
-> Música: Sonete, “Sou a cruz”
-> Locução: Amilton Menezes
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